quinta-feira, 10 de junho de 2010

Um Mundo Bem Melhor

Em 1985, Michael Jackson e Lionel Richie compuseram We are the World (Nós somos o mundo), que foi gravada por 45 artistas americanos em prol do combate à fome na África.

25 anos depois, esta mesma música foi regravada para ajudar as vítimas do terremoto que abalou o Haiti e causou danos tanto ao país quanto ao coração de seu povo. O Brasil também marca presença neste momento, ao seguir a iniciativa de outros grupos ao redor do mundo que fizeram suas próprias versões da música We Are The World 25 for Haiti.

O projeto Um Mundo bem Melhor - versão brasileira do movimento, idealizada pelos músicos e produtores brasilienses Walter Amantéa e Hudson Borges - tem propósito mais abrangente do que ajudar as comunidades do Haiti e do Chile, prejudicadas pelos fortes terremotos dos últimos meses. O movimento visa também colaborar com campanhas de solidariedade e amor ao próximo, mobilizações e ações em prol da construção de um Brasil ambientalmente sustentável, livre da fome e da miséria.

Com uma versão em português da canção, e com a participação de dezenas de grandes artistas de Brasília, o projeto busca sensibilizar as pessoas para o fato de que cada um é responsável por construir um mundo melhor.

As gravações do projeto Um Mundo Bem Melhor aconteceram nos estúdios da 7Produções(solistas), no Espaço Cultural Renato Russo (grande coro), e no Templo da LBV (coro das crianças), todos em Brasília/DF.

Mais informaçõs:

http://www.ummundobemmelhor.com.br


quarta-feira, 12 de maio de 2010

CONCEITOS FUNDAMENTAIS .:. GUIA LAYOUT MASTER SCENES

Sempre fiquei me perguntando, antes de fazer um curso sobre roteiro e começar a escrever alguns, como faria pra saber quantos minutos meu texto tinha, como formatar melhor pra toda a equipe entender, enfim, como fazer um roteiro compreensível para todos. Acabei descobrindo muita coisa sozinho outras com os amigos e professores. Aqui tem algumas dicas que coletei com o tempo. Espero que gostem e utilizem.


Hoje em dia, podemos dizer que quase todos os roteiros para cinema são escritos no formato Master Scenes, que implica uma página de roteiro para cada minuto de filme. Para conseguir esse tempo Pg/Mim, requer um pouco de prática, mas não conseguir alcançá-lo não é um desastre.

Por que usar o Master Scenes? Por que é um sistema simples, muito usado (qualquer pessoa da área de cinema que vê-lo vai saber que é um roteiro) e permite ao roteirista se concentrar mais no que é o dever dele: contar uma história.

Alguns roteiristas usam uma formatação mais liberal, que permite a indicação de transições e, às vezes, a indicação de planos quando for essencial para o entendimento da cena. Já no Master Scenes, mais rigoroso, o roteirista não pode fazer qualquer tipo de indicação ao diretor, poucas vezes aos atores, raramente a qualquer outro técnico da fase de produção. Isso faz sentido, pois quando num roteiro está escrito: "MARIA brinca com sua aliança de casamento entre os dedos", nenhum diretor será louco de mostrar essa cena em plano geral! O que ele fará será um enquadramento em close, ou mais próximo, ou até mesmo um zoom.

Como regra, corte o máximo possível de indicações técnicas e se concentra ao máximo no enredo do roteiro. Sempre há algum modo de sugerir algo ao diretor, fotógrafo, ator, editor e outros da área, e realmente não é necessário usar explicitamente um termo técnico... Use o bom senso.

1. PREPARANDO A FOLHA

Papel
Tipo Carta (21,59 cm x 27,94cm)

Margens
Superior: 2,5 cm.
Inferior: entre 2,5 cm a 3 cm;
Margem esquerda: de 3,5 cm a 4 cm
Margem direita de 2,5 cm a 3 cm;

Fonte
Courier New, tamanho 12 pt. Não use itálicos ou negritos.

2. CABEÇALHOS

Alinhamento esquerdo;
Todas em MAIÚSCULO;
Numeração opcional.

3. DESCRIÇÃO DA CENA

Alinhamento esquerdo ou justificado;
Uma linha de espaço entre os parágrafos;

4. DIÁLOGO

• Personagem
Recuo esquerdo de 6 a 7cm;
Todas em MAIÚSCULAS.

• Indicação ao ator
Recuo esquerdo 2 cm a 2,5 cm menor que o recuo do Personagem;
Entre parêntesis.

• Outras indicações
Escritas ao lado do nome do personagem, entre parêntesis, usando a mesma formatação:
V.O. = Voice Over (voz)
O.S. = Out of Screen (fora da tela);
CONT = Continuando;
MAIS = usado para indicar que o diálogo foi quebrado pela página.

• Diálogo
Recuo esquerdo de 3 cm a 4 cm;
Recuo direito de 1,5 cm a 2,5 cm;
Alinhamento esquerdo ou justificado;

5. TRANSIÇÕES

Alinhamento direito;
Todas em MAIÚSCULO.

6. CAPA

Deve conter o título em destaque; o nome do autor, dados do copyright, dados como o endereço, contato, agente, etc.
Geralmente, a capa é escrita do seguinte modo:

Fontes Courier New 12 pt;

TÍTULO DO ROTEIRO quase ao centro da folha, todas em MAIÚSCULA;
Abaixo do título o nome do autor;
Nas últimas linhas dados do Copyright, do autor, do agente e contato.

7. SEGUNDA PÁGINA

Na quarta linha escreva o Título do Roteiro, centralizado, todas em MAIÚSCULA;
Duas linhas abaixo, com alinhamento esquerdo, todas em maiúscula, escreva FADE IN. Duas linhas abaixo começa o roteiro em si.

8. ÚLTIMA PÁGINA

Com a mesma formatação das transições, escreva FADE OUT três linhas após o termino do roteiro;
Três linhas embaixo do FADE OUT escreva FIM ou FINAL, todas em MAIÚSCULA, alinhamento centralizado.

9. NÚMERAÇÃO

Em todas as páginas, exceto a capa, no canto superior esquerdo da página;
Fonte normal, 12 pt.

10. ESPAÇAMENTO

• Espaçamento simples durante os:
Diálogos;
Nomes;
Indicações ao ator;
Descrições das cenas.

• Espaçamento duplo (equivalente a dois Enters) entre os:
Cabeçalhos;
Descrições das cenas;
Transições;
Diálogos.

11. OBSERVAÇÕES

Não haverá problemas se você usar uma padrão de formatação um pouco diferente -- só um pouco mesmo --. O importante é tornar a leitura o mais fácil e visual possível, contendo bastante espaço em branco para uma futura equipe fazer anotações nas estrelinhas.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

O Que é um Roteiro?

Um pouco mais sobre roteiro:


Um guia, um projeto para um filme? Uma planta baixa ou diagrama? Uma série de imagens, cenas e seqüências enfeixadas com diálogo e descrições, como uma penca de peras? O cenário de um sonho? Uma coleção de idéias?


O que é um roteiro?


Bem, não é um romance e certamente não é uma peça de teatro. Se você olha um romance e tenta definir sua natureza essencial, nota que a ação dramática, o enredo, geralmente acontece na mente do personagem principal. Privamos, entre outras coisas, de pensamentos, sentimentos, palavras, ações, memórias, sonhos, esperanças, ambições e opiniões do personagem. Se outros personagens entram na história, o enredo incorpora também seu ponto de vista, mas a ação sempre retorna ao personagem principal. Num romance, a ação acontece na mente do personagem, dentro do universo mental da ação dramática.

Numa peça de teatro, a ação, ou enredo, ocorre no palco, sob o arco do proscênio, e a platéia torna-se a quarta parede, espreitando as vidas dos personagens. Eles falam sobre suas esperanças e sonhos, passado e planos futuros, discutem suas necessidades e desejos, medos e conflitos. Neste caso, a ação da peça ocorre na linguagem da ação dramática; que é falada, em palavras.

Filmes são diferentes. O filme é um meio visual que dramatiza um enredo básico; lida com fotografias, imagens, fragmentos e pedaços de filme: um relógio fazendo tique-taque, a abertura de uma janela, alguém espiando, duas pessoas rindo, um carro arrancando, um telefone que toca. O roteiro é uma história contada em imagens,diálogos e descrições, localizada no contexto da estrutura dramática.

O roteiro é como um substantivo — é sobre uma pessoa, ou pessoas, num lugar, ou lugares, vivendo sua "coisa". Todos os roteiros cumprem essa premissa básica. A pessoa é o personagem, e viver sua coisa é a ação.

Se o roteiro é uma história contada em imagens, então o que todas as histórias têm em comum? Um início, um meio e um fim, ainda que nem sempre nessa ordem. Se colocássemos um roteiro na parede como uma pintura e olhássemos para ele, ele se pareceria com o diagrama da página 13.

Esta estrutura linear básica é a forma do roteiro; ela sustenta todos os elementos do enredo no lugar. Para entender a dinâmica da estrutura, é importante começar com a própria palavra. A origem latina de estrutura, structura, significa "construir" ou "organizar e agrupar elementos diferentes" como um edifício ou um carro. Mas há outra definição para a palavra estrutura, que é "o relacionamento entre as partes e o todo".

As partes e o todo. O xadrez, por exemplo, é um todo composto de quatro partes: as peças — rainha, rei, bispo, torre, cavalo, peões; o jogador ou jogadores, porque alguém tem que jogar o jogo de xadrez; o tabuleiro, porque não se pode jogar xadrez sem ele; e a última coisa de que se necessita para jogar xadrez são as regras, porque elas fazem o jogo da forma que é. Essas quatro coisas — peças, jogador ou jogadores, tabuleiro e regras, as partes — são integradas num todo, e o resultado é o jogo de xadrez. É o relacionamento entre as partes e o todo que determina o jogo.

Uma história é um todo, e as partes que a compõem — a ação, personagens, cenas, seqüências, Atos I, II, III, incidentes, episódios, eventos, música, locações, etc. — são o que a formam. Ela é um todo.

Estrutura é o que sustenta a história no lugar. É o relacionamento entre essas partes que unifica o roteiro, o todo.

Esse é o paradigma da estrutura dramática.

Um paradigma é um modelo, exemplo ou esquema conceituai.

O paradigma de uma mesa, por exemplo, é um tampo com quatro pernas. Dentro do paradigma, podemos ter uma mesa baixa, uma mesa alta, uma mesa estreita, uma mesa larga; ou uma mesa circular, uma mesa quadrada, uma mesa retangular; ou uma mesa de vidro, mesa de madeira, mesa de ferro batido, de qualquer tipo, e o paradigma não muda — permanece firme, um tampo com quatro pernas.


Isto é o paradigma de um roteiro. Veja a seguir como ele é decomposto.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Para que serve um Roteiro!

Dando continuidade ao assunto roteiro:


Cinema é arte, sem dúvida, a sétima arte. Mas cinema é também indústria. É indústria pois precisa de meios de produção, acumulação de capital e divisão especializada do trabalho. E é a serviço desta indústria, que o roteiro exerce sua principal função.

“O roteiro é a ferramenta básica da indústria de cinema e televisão.” - Cole & Haag

O roteiro será o documento chave, onde todos os outros profissionais envolvidos com a realização de um produto audiovisual basearão seu trabalho.

“Roteiro é (...) um discurso verbal, escrito de forma a permitir a pré-visualização do filme por parte do diretor, dos atores, dos técnicos e dos possíveis financiadores. Um instrumento de trabalho e de convencimento. (...) Uma utopia criativa a serviço de um objetivo fundamentalmente econômico: uma boa definição não só de roteiro, mas da própria essência do cinema.” - Giba Assis Brasil

A realização de um produto audiovisual demanda um investimento de capital muito alto. O roteiro é a maneira de pré-visualizar este produto, e minimizar os riscos de investimento.

“Desde uma perspectiva comercial, um roteiro é uma proposta para o lançamento de um produto. Os aspectos artísticos podem ser decisivos 'a priori', mas sempre se impõe as possibilidades econômicas na hora de aprovar um projeto. (...) Em função de um roteiro literário, a produtora pode estimar o custo de um filme e elaborar um estudo de mercado que assegure sua acolhida como produto. (...) E quando buscam o financiamento necessário para o futuro filme, só podem oferecer uma coisa: a história” - António Sanchez-Escalonilla

O roteiro serve então, como uma simulação de um produto audiovisual sonhado.

quarta-feira, 31 de março de 2010

STORYBOARD


Trecho do Texto da ASSOCIAÇÃO DE ENSINO TATUIENSE CURSO DE EDUCAÇÃO ARTÍSTICA do professor FERNANDO CÉSAR OLIVEIRA DE CARVALHO

Storyboard, palavra de origem inglesa, é um painel com desenhos seqüenciados; como se fosse uma estória em quadrinhos. Esse roteiro visual é imprescindível para a produção de qualquer projeto de arte seqüencial.

Quem faz storyboard é um profissional muito solicitado. É assim no mundo inteiro. Para justificar sua importância, pode-se dizer que o storyboard está para a arte seqüencial, assim como a planta está para a arquitetura. Sempre que se for produzir cinema, vídeo, comercial, áudio-visual, desenho animado, ou até mesmo uma estória em quadrinhos, precisa-se preparar antes um storyboard. Por isso, um storyboard-man (storyboardista) será sempre bem remunerado. Para se aprender essa criativa atividade, basta saber desenhar um pouco e se tiver alguma noção de quadrinhos, então será moleza!


DESENVOLVA SUA VISÃO DE CAMERAMAN

Treine seus olhos para enxergar como a lente de uma câmera. Reeduque seus olhos, evitando olhar de forma abrangente. Você deve desenhar uma cena de storyboard rigorosamente dentro do formato padrão de um fotograma. No cinema, o storyboard é muito usado, devido à necessidade de planejar as tomadas de câmera. Salvo raras exceções, o quadro imaginado coincide com o quadro filmado.O olhar humano enxerga de forma abrangente, em um ângulo bem aberto, e sua acuidade é prejudicada com a distância. A visão de uma câmera pode captar qualquer detalhe ou trecho de um amplo cenário, graças aos recursos da lente (tele ou zoom). Para registrar uma cena panorâmica bem ampla, basta adaptar uma lente grande-angular na câmera. Mas, aí encontramos um problema: a imagem sai bastante distorcida, evocando o efeito visto através da lente de um “olho mágico”; aquele que colocamos na porta de nossas casas.



quinta-feira, 25 de março de 2010

UM DOCUMENTO CHAMADO ROTEIRO

Hoje disponibilizo pra vcs um texto de Fernando Marés de Souza sobre roteiro.

“Porque o roteiro é o sonho de um filme”

Jean-Claude Carrière

O QUE É UM ROTEIRO

A grande maioria das pessoas nunca segurou um roteiro nas mãos, mas se questionadas sobre o que é um, poucas não tentariam responder. Muitos acertariam a resposta, poucos conseguiriam se aprofundar na definição.

Alguns se equivocariam, na crença que o roteiro é a história de um filme. O roteiro conta a história de um filme, mas não é a própria história. A história contada em um filme pode ser a definição de Argumento, mas isso também, já é outra história.

Uma ida a prateleira de livros pode clarear bem as idéias. Dicionários sempre são uma boa ferramenta para autodidatas:

“Roteiro: Documento que contem o texto de filme cinematográfico, vídeo, programa de rádio, etc." - Dicionário Novo Aurélio

Definição perfeita. O “etc” é uma bela sacada, pois se exime da responsabilidade pelo que ficou de fora. Vamos tentar fazer justiça aos não discriminados pensar nos variados meios que se utilizam deste documento chamado de roteiro: cinema, vídeo, televisão, rádio, quadrinhos, hipermídia (interativos como hipertexto, games e cd-roms), e por que não, teatro, apresentações, eventos, shows, e para não passarmos vexame, etc.

Na prática, alguns assaltos, assassinatos e atos terroristas também se utilizam de um roteiro, mas melhor deixar isso de lado, pois este manual se propõe a ser sobre Roteiro Audiovisual:

“Roteiro: Texto que desenvolve um argumento e que indica como deve realizar-se qualquer tipo de obra audiovisual.” - Diccionário del Guión Audiovisual

Certo, mas agora temos que voltar a prateleira para saber o que é Audiovisual. Para nos poupar disto, ofereço uma definição mais completa:

“O Roteiro Audiovisual é um documento escrito que desenvolve uma história e indica como deve realizar-se uma obra para um meio que transmite mensagens através de som e imagem, como o cinema e a televisão.” - Fernando Marés de Souza, usando um par de dicionários e um pouco lógica aristotélica.

Devidamente alçado ao panteão dos criadores de definições, vamos ver o que os teóricos sobre o assunto podem nos contar:

“O Roteiro é a forma escrita de qualquer audiovisual. É uma forma literária efêmera, pois só existe durante o tempo que leva para ser convertido em um produto audiovisual. No entanto, sem material escrito não se pode dizer nada, por isso um bom roteiro não é garantia de um bom filme, mas sem um roteiro não existe um bom filme". - Doc Comparato

Interessante esta história de efêmero. Já ouvi dizer que o destino do roteiro é a lata de lixo depois de ser utilizado, mas será verdade? Ainda não é o momento de responder. Mais saiba que a maioria pensa assim:

“O roteiro representa um estado transitório, uma forma passageira destinada a desaparecer, como a larva ao se transformar em borboleta. Quando o filme existe, da larva resta apenas uma pele seca, de agora em diante inútil, estritamente condenada à poeira. (...) Pois o roteiro significa a primeira forma de um filme. E quanto mais o próprio filme estiver presente no texto escrito, incrustado, preciso, entrelaçado, pronto para o vôo como a borboleta, que já possui todos os órgãos e todas as cores sob a aparência de larva, mais a aliança secreta (...) entre o escrito e o filme terá chances de se mostrar forte e viva.” - Jean-Claude Carrière

Lindo e poético, mas muito metafórico para um roteirista. A indústria exige algo mais simples e direto:

“Roteiro é uma história contada em imagens, diálogo e descrição, localizada no contexto da estrutura dramática." - Syd Field

Estrutura dramática. O autor gasta uma página e introduz uma dúzia de novos conceitos para explicar o que é isto. Será que alguém consegue sintetizar? Sempre existe alguém disposto a tentar:

“O Roteiro é uma história contada com imagens, expressas dramaticamente em uma estrutura definida, com início, meio e fim, não necessariamente nessa ordem.” - Chris Rodrigues

Bem melhor. Começo, meio e fim. Isto me lembra que a lista de definições pode ser interminável, sendo que a semelhança entre elas é aparente.

“Os americanos chamam-no screenplay, uma peça para a tela, de maneira a distinguí-la da simples play, destinada ao placo. Os franceses o chamam de scenario, para designá-lo como um conjunto de cenas. E nós o chamamos de roteiro. E não é uma má palavra para o caso. Roteiro é uma rota não apenas determinada, mas “decupada”, dividida, através da discriminação de seus diferentes estágios. Roteiro significa que saímos de um lugar, passamos por vários outros, para atingir um objetivo final. Ou seja: o roteiro tem começo, meio e fim - conforme Aristóteles observou na tragédia grega como uma necessidade essencial da expressão dramática." - Luiz Carlos Maciel

Depois de tantas definições, você pode usar um pouco de lógica aristotélica e construir a sua.

segunda-feira, 22 de março de 2010

O que é Edição linear e não-linear? - Parte 2

A forma de se trabalhar a edição de um vídeo no computador varia de software para software, mas a grande maioria dos programas trabalha utilizando os modos denominados timeline. A aparência visual da área de trabalho (workspace) pode ser configurada conforme as preferências do usuário, em maior ou menor grau de acordo com o software utilizado. Alguns softwares como o Adobe Premiere e Final Cut Pro utilizam comandos em menus padrão do Windows e Mac (File, Edit, ...), outros como o Liquid Edition da Pinnacle utilizam comandos dispostos em botões lembrando uma mesa de edição e outros como o Studio9 também da Pinnacle, utilizam interfaces intuitivas como o desenho de uma câmera que ao ser clicada executa determinadas tarefas.

Na medida em que o vídeo vai sendo editado, é possível visualizar o resultado até o momento, numa operação denominada preview. Através desta operação, uma janela do programa permite verificar no modo PLAY trechos selecionados da timeline. Os efeitos e transições acrescentados ao áudio e vídeo que está sendo editado nem sempre podem ser visualizados instantaneamente. Necessitam ser processados pelo computador, em uma operação denominada renderização. Renderização é o processo pelo qual pode-se obter o produto final de um processamento digital qualquer. O processo de tratamento digital de imagens e sons consome muitos recursos dos processadores, e pode tornar-se pesado de forma que sua realização em tempo real fica inviável. Neste caso, os softwares trabalham em um modo de baixa resolução para poder mostrar uma visão prévia do resultado. Quando o projeto está concluído, ou em qualquer momento que se queira fazer uma aferição de qual será o resultado final, faz-se a "renderização" do trabalho.

A qualquer momento o processo de edição pode ser interrompido e a composição das cenas, efeitos e transições montados até o momento na timeline podem ser armazenados (salvos) em um arquivo específico do programa, dentro do micro. No entanto este arquivo não é ainda um arquivo de vídeo (".avi" “.mov” por exemplo) e sim um arquivo particular do programa com dados e informações de tudo o que foi trazido até o momento para a área de edição e de tudo o que foi efetuado.

Para transformar estes dados em um arquivo de vídeo final (terceira etapa) é necessário o uso de comandos específicos de cada programa. Assim, no Adobe Premiere, por exemplo, as opções File / Export Timeline / Movie consolida as diversas trilhas sobrepostas, efeitos e transições de áudio e vídeo em um único arquivo, tarefa que exige também a operação de renderização. Ao término deste processo, as transições e efeitos incluídos no vídeo não podem mais ser alterados, da mesma forma que um texto já impresso no papel não pode mais ser alterado. No processo é possível determinar o formato final do arquivo gerado, como por exemplo ".avi". Arquivos deste tipo podem ser armazenados no micro para uso em outros processos de edição ou até mesmo dentro do mesmo processo. É comum, para facilitar o trabalho (e "limpar a timeline") consolidar trechos já prontos em um arquivo de vídeo único.

Outros formatos podem ser escolhidos para geração do arquivo final, como MPEG1 (para gravação de VCDs) ou MPEG2 (para gravação de DVDs em menor compressão e SVCD em maior compressão) para saída em discos ópticos por exemplo, ou Quick Time, RealMedia, Windows Media, MPEG4 e outros para visualização através de micros e Internet. Ao término do processo de geração do arquivo final, o vídeo está pronto para ser gravado no disco (através de um gravador de CD/DVD) ou utilizado na Internet.

Se a saída desejada for analógica (por exemplo, um VCR gravando uma fita VHS) ou digital no formato DV (por exemplo uma câmera digital gravando uma fita Mini-DV), é possível reproduzir o arquivo ".avi" existente na timeline: neste momento, através da saída FireWire o sinal digital pode ser gravado na fita.

A edição do formato HDV é feita através do mesmo cabo FireWire utilizado no formato DV. No formato DV o sinal armazenado na fita precisa sofrer uma transformação para ser armazenado no disco do computador e poder ser manipulado pelos programas de edição-não-linear. É assim que o sinal tipo "DV" é convertido na gravação para sinais como, por exemplo, o sinal tipo ".avi " . No caso do HDV, o sinal armazenado na fita ou no HD (sinal tipo "MPEG2-TS" - abreviação de Transport Stream) pode ou não ser convertido durante a fase de gravação. Diferentes abordagens utilizadas pelos programas de edição permitem trabalhar de forma diferente com o formato HDV na edição.

A maioria dos programas que tradicionalmente trabalham já com o formato DV necessita de plug-ins para poder trabalhar com o formato HDV. Novas versões de programas que tratam HDV via plug-ins tendem a deixar de utilizá-los, incluindo este tratamento dentro de seu software principal.

Existem basicamente duas formas diferentes de abordagem no tratamento do sinal HDV para edição. Alguns programas permitem o trabalho direto com o sinal MPEG2-TS copiado da fita para o disco sem conversões adicionais. Outros programas trabalham de maneira diferente, convertendo o sinal MPEG-TS para arquivos do tipo ".avi " durante a fase de importação para o disco.

Por outro lado, o trabalho direto com o formato MPEG2 HDV exige muito da CPU (o que se traduz na necessidade de máquinas potentes). A edição não é em tempo real e é necessário renderizar até mesmo edições mais simples. Essa dificuldade decorre do formato altamente comprimido do MPEG2 e da necessidade da máquina "desmontar" os GOPs antes de poder de fato efetuar a edição do efeito para a seguir remontá-los com precisão.

A vantagem da conversão por outro lado é propiciar a execução de previews real-time dos efeitos aplicados no vídeo.

De maneira geral, trabalhar em edição com HDV exige maior poder de processamento do computador do que no trabalho com outros formatos, como por exemplo, o DV, e também capacidade bem maior de armazenamento em disco, principalmente se a forma de trabalho empregar conversão do MPEG2 TS para outros formatos, como ".avi".

Embora seu sinal possa ser exibido em TVs comuns do tipo SD, o objetivo do formato HDV é exibir uma imagem no formato 16:9 (widescreen), de alta resolução (HD) em TVs de alta definição (plasma, LCD, CRT, projetores DLP e outros). Em equipamentos comuns SD, a maior qualidade da sua imagem não é perceptível, sendo comparável à imagem de câmeras comuns SD (como Mini-DV, por exemplo) de 3 CCDs. O mesmo ocorre com DVDs gerados a partir de conteúdo HDV: o DVD-Vídeo é um formato SD, não HD.

sexta-feira, 19 de março de 2010

O que é Edição linear e não-linear? - Parte 1


No início da indústria cinematográfica os filmes eram editados linearmente, ou seja, as películas com as diversas tomadas eram cortadas e depois coladas na sequência desejada. Também chamada de edição-linear, ou seja, processo tradicional de edição de vídeo, criado antes do surgimento do micro-computador. O nome 'linear' decorre da forma como as imagens são acessadas nos originais e montadas na versão final: como as mesmas encontravam-se em fitas, é necessário efetuar uma busca sequencial, linear das mesmas; como o resultado é gerado também em uma fita, é gerado sequencialmente, linearmente, uma imagem após a outra. Não é possível através deste processo, por exemplo, inserir uma imagem entre outras duas já pré-gravadas na fita sem refazer todo o processo desde seu início.

Edição não-linear é o processo de digitalizar/capturar, as imagens que foram gravadas em um dos formatos (betacam/ digital/ super VHS/ DV/ HDV entre outros), para dentro de um computador e trabalhar com elas sem o uso de vários vídeos controlados por um editor, gerador de caracteres, mesas de efeitos, aparelhos de som e todo aquele grande conjunto de cabos e fios que são necessários para as convenções da “Ilha de edição convencional”.

Pode ser chamada de edição não-linear pela forma com que trabalha os vídeos. Nesta forma de edição não existe a necessidade de se trabalhar cada imagem no momento em que deve aparecer, podemos trabalhar cada imagem na medida da necessidade.

O nome 'não-linear' decorre da possibilidade que as imagens tem de serem acessadas de modo aleatório (ao contrário de uma fita de vídeo, onde o acesso é sequencial), uma vez que encontram-se gravadas no disco do computador (que possibilita este tipo de acesso, denominado randômico).

Os primeiros aparelhos de edição não linear eram computadores projetados apenas para esta função. Atualmente são usados computadores padrão com software proprietário como: Final Cut Pro (somente para Macintosh), Adobe Premiere (Tanto para PC quando para MAC), Avid (Tanto para PC quando para MAC) e Sony Vegas. Existe software livre para executar essa tarefa como: Avidemux (Multiplataforma), VirtualDub (somente para Windows) e outros.

Hoje praticamente qualquer um pode montar uma estação não linear. Quanto mais velocidade os processadores atingirem, hoje ultrapassam a barreira dos 4000Mhz, mais rápido e fluido se torna o trabalho. Outra vantagem é que a maioria das placas-mãe de ultima geração possuem as conexões IEEE - 1394 (firewire). Com câmera mini-dv e uma estação firewire e alguns programas de áudio e vídeo, você terá uma ilha de edição ou até mesmo uma produtora.

Requisitos desejáveis em um computador para edição:

· um HD somente para armazenar os dados (vídeo) e outro para os programas e o sistema operacional da máquina. Esta providência torna mais fácil operações como formatação e desfragmentação do disco, procedimentos recomendáveis periodicamente para melhorar a performance do sistema. Se possível ainda, o micro deve ser dedicado somente para edição de vídeo, minimizando assim eventuais conflitos com outros programas.

· HD com baixo tempo de acesso: quanto menor a velocidade com que o HD consegue localizar uma posição específica dentro do mesmo para ler ou gravar informações, melhor. Na escolha entre dois HDs, quanto menor este tempo (que pode tornar mais ou então menos demorado o processamento de efeitos por exemplo), melhor.

· memória RAM superior a 1 Gb.

A edição-não-linear envolve 3 etapas principais:


Na primeira etapa o material a ser editado é transferido para o HD em um processo denominado captura, através de uma placa instalada no computador e da conexão da câmera ou VCR à mesma através de cabos específicos. É possível, no entanto transferir para o HD o material a ser editado sem o uso de uma placa instalada internamente no micro, utilizando-se para isso um dispositivo externo de captura. Estes dispositivos são conectados através de cabos à câmera ou VCR e com o micro geralmente através de uma conexão USB ou FireWire.

Tendo sido o vídeo gravado dentro do computador, pode ter início o processo de edição (segunda etapa).

No próximo post seguiremos com este assunto.

quinta-feira, 18 de março de 2010

O que é EDIÇÃO?


Edição de vídeo é o segredo que permite que a televisão conte uma história, que os filmes nos transportem para novos mundos e que dá aquele toque especial ao noticiário da noite. Sem a edição, qualquer imagem filmada pelo cinegrafista nos aborreceria, além de horas a fio de imagens por programa.

Até a pouco tempo, a forma mais simples de edição de vídeo consistia em conectar uma câmera a um videocassete e registrar apenas seus momentos favoritos. Infelizmente, sempre que se copia uma fita cassete para outra, perdem qualidade, além disso, esse processo era trabalhoso e difícil. Com os computadores isso ficou muito mais fácil e, relativamente, rápido.

Hoje, com nossas câmeras digitais, a perda de qualidade na transmissão da fita para o computador, ou do HD, é nula, pois é apenas um fluxo de números que podem ser copiados sempre que o desejar.

Montagem ou edição é um processo que consiste em selecionar, ordenar e ajustar os planos de um filme ou outro produto audiovisual a fim de alcançar o resultado desejado - seja em termos narrativos, informativos, dramáticos, visuais, experimentais, etc. Em geral, a montagem é realizada pelo montador, em um equipamento compatível com a tecnologia empregada na realização do produto, sob a supervisão do diretor ou, em alguns casos, do produtor. Pode ser em meio analógico ou digital, linear ou não-linear.

Em termos muito simples, a montagem consiste em colocar os pedaços de filme (cenas e sequências) numa determinada ordem cronológica ou temática. O material já existe, mas é preciso pô-lo em ordem para ter um determinado sentido. É um pouco como acontece com um jornal, por exemplo: quando se faz a paginação, o material já existe todo (ou praticamente todo), mas não é ainda jornal enquanto as “peças” literárias não estiverem colocadas segundo uma ordem determinada (pelo paginador e também pelo editor/diretor).

Este processo é necessário, pois, ao contrário do que acontece em peças de teatro, os filmes normalmente são gravados em partes, divididos por cenas ou tomadas que são feitas diversas vezes e por diferentes ângulos.

A edição de vídeo consiste em decidir que tomadas usar, quais são as melhores e uní-las na sequência desejada. Pode-se inclusive montar as sequências fora da ordem cronológica de gravação ou do próprio tempo do filme.

Editar um filme ou vídeo não se limita a escolher as melhores cenas, é nesta fase da produção que são inseridos efeitos especiais, trilhas sonoras e legendas.

Como é realizada após a filmagem, a montagem é um processo de pós-produção e durante muito tempo foi considerada como o único processo original do cinema, aquilo que tornaria o cinema uma arte ou uma linguagem diferenciada das demais. Hoje, no entanto, vários autores consideram que há muitas semelhanças entre a montagem e os processos de composição em outras formas artísticas, tais como a poesia ou o romance.

Podemos também pensar em edição de vídeo indo além do corte mais como um "recorte", que se faz de alguma realidade ou estória que se quer contar. Assim a edição se iniciaria já no Roteiro ou mesmo antes, na concepção da idéia do filme.